Livros publicados por Antonio Orjeda. Foto cortesia de Antonio Orjeda.
É sempre importante reconhecer e destacar o papel das mulheres na sociedade. Assim, em 2004, o jornalista peruano Antonio Orjeda iniciou “Mujeres batalla” (Mulheres na batalha), uma série de entrevistas com centenas de mulheres que acabou mudando sua vida. Na época, ele era jornalista de um dos jornais mais lidos do Peru, o El Comercio, e todas as terças-feiras, com uma página inteira, apresentava mulheres de negócios, executivas e empreendedoras sociais. Mais tarde, suas entrevistas alcançaram centenas de mulheres de diferentes trajetórias.
Algumas entrevistas da série “Mujeres batalla” no jornal El Comercio. Foto cortesia de Antonio Orjeda.
Em entrevistas divertidas e reveladoras, Orjeda apresentou mulheres que têm muito a contar e a ensinar. Suas entrevistadas são mulheres de todas as idades, de todas as origens, de todos os lugares, mas com uma coisa em comum: o desejo de melhorar a si mesmas e de honrar suas experiências.
A jornada bibliográfica de Antonio Orjeda começou em 2007 com “Mujeres Batalla”. Ele vendeu mais de 10.000 exemplares. Por outro lado, a coleção infantil “Mancha Brava” consiste em seis livros, publicados à razão de um por ano desde 2019. A partir de 2020, os livros são publicados primeiro na versão digital e gratuita, e depois impressos em papel.
Conversamos com Antonio Orjeda sobre esses 20 anos nos quais destacou o trabalho de mulheres tão diversas.
Global Voices (GV): Como e quando surgiu a ideia de “Mujeres Batalla” e qual foi a recepção original?
Antonio Orjeda (AO): La idea del libro fue consecuencia de un correo electrónico. Una mamá me escribió para contarme que estaba coleccionando las entrevistas que cada semana venía publicando en El Comercio y que guardaba algunas para que su hija las leyera cuando creciera. Le agradecí, le pregunté por la edad de su hija y resultó que era una bebé de seis meses de nacida. O sea, esa mujer iba a esperar unos años para sacar esas páginas de periódico y dárselas a leer. Ahí nació la idea del libro, porque sentí por primera vez en mi vida como periodista que mi labor podía ser útil. Y en el proceso de seleccionar las 30 entrevistas que integrarían el libro, surgió el nombre: “Mujeres batalla”. El libro fue un éxito, vendió más de 10 000 ejemplares. Hoy está agotado, aunque en 2018 se publicó una segunda versión.
Antonio Orjeda (AO): A ideia do livro surgiu de um e-mail. Uma mãe me escreveu para dizer que estava colecionando as entrevistas que eu publicava semanalmente no El Comercio e que estava guardando algumas delas para sua filha ler quando crescesse. Agradeci a ela, perguntei a idade da filha e descobri que era um bebê de seis meses. Em outras palavras, a mulher ia esperar alguns anos para tirar as páginas do jornal e dar a ela para ler. Foi aí que nasceu a ideia do livro, porque senti, pela primeira vez em minha vida de jornalista, que meu trabalho poderia ser útil. E no processo de seleção das 30 entrevistas que comporiam o livro, surgiu o nome “Mujeres batalla” (Mulheres na batalha). O livro foi um sucesso, vendendo mais de 10.000 exemplares. Hoje ele está esgotado, embora uma segunda versão tenha sido publicada em 2018.
GV: Como jornalista homem, por que você decidiu se concentrar nas experiências das mulheres?
AO: No lo decidí yo. En mayo de 2004 se lanzaría en la sección Economía de El Comercio una serie de páginas temáticas semanales y, por alguna razón, querían una dedicada a la mujer. ¿Por qué? Nadie lo supo explicar, y como yo era el “sensible” del grupo, el que trabajaba “temas raros”, desde perspectivas inusuales, me encargaron esa tarea que en realidad, sentí como una carga, y por eso propuse algo para salir del paso: como se trataría de toda una página, planteé realizar una entrevista semanal a una mujer destacada; y bastó la primera entrevista para “descubrir” un mundo inesperado que terminaría alterando mi vida para siempre.
AO: A decisão não foi minha. Em maio de 2004, uma série de páginas temáticas semanais seria lançada na seção de Economia do El Comercio e, por algum motivo, eles queriam uma dedicada às mulheres. Por quê? Ninguém sabia explicar, e como eu era a “sensível” do grupo, a que trabalhava com “assuntos estranhos”, a partir de perspectivas incomuns, eles me deram essa tarefa que, na verdade, eu achava que era um fardo, e então propus algo para sair do caminho: como seria uma página inteira, sugeri fazer uma entrevista semanal com uma mulher de destaque; e a primeira entrevista foi suficiente para “descobrir” um mundo inesperado que acabaria alterando minha vida para sempre.
GV: Como você escolhe as mulheres que entrevista?
AO: Me guío por la trascendencia de su labor, o porque haya algo ejemplar o peculiar en su historia. La facturación no es determinante.
AO: Sou guiado pela importância de seu trabalho, ou porque há algo exemplar ou peculiar em sua história. O faturamento não é fator determinante.
Os três primeiros livros da série “Mancha Brava”. Foto cortesia de Antonio Orjeda.
GV: Fale-nos sobre “Mancha Brava”. Em peruano, “mancha” significa “grupo”, e “bravo” é valente. Portanto, digamos que é um grupo corajoso.
AO: “Mancha Brava” es una colección de libros que, a través de historias de mujeres ejemplares, procura servir de herramienta para sembrar equidad de género desde la infancia. Esta propuesta pertenece al género del libro informativo, que en la literatura infantil y juvenil se caracteriza por narrar hechos reales, cero ficción; y por ser visualmente atractivos.
Cada año, desde 2019, publico una nueva selección de diez casos. A partir de la segunda, “Mancha Brava – Las heroínas de la pandemia”, cada selección es temática. “Mancha Brava – Campeonas” es el quinto título, se publicó en 2023 y ofrece las historias de deportistas de élite peruanas.
AO: “Mancha Brava” é uma coleção de livros que, por meio das histórias de mulheres exemplares, busca servir como uma ferramenta para semear a igualdade de gênero desde a infância. Essa proposta pertence ao gênero de livro informativo, que na literatura infantil e juvenil se caracteriza por narrar fatos reais, sem ficção, e por ser visualmente atraente.
Todo ano, desde 2019, publico uma nova seleção de dez casos. Começando com a segunda, “Mancha Brava – As heroínas da pandemia”, cada seleção é temática. “Mancha Brava – Campeonas” é o quinto título, publicado em 2023, e oferece as histórias de esportistas peruanas de elite.
GV: Você acompanha as histórias?
AO: A algunas, pues tras la experiencia por lo general se establece un vínculo, que incluso ha llegado a la amistad.
AO: Algumas, porque depois da experiência geralmente se estabelece um vínculo, que até se transforma em amizade.
GV: Qual história teve o maior impacto sobre você?
AO: De los seis títulos de la colección “Mancha Brava”, diría que más que alguna historia en especial, me han marcado dos títulos: el tercero y el último, que presentan a colegialas y a maestras, respectivamente. El primero, porque me encantó comprobar que hay menores de edad con historias poderosas y, mejor aún, que ello es consecuencia de haber recibido afecto en sus hogares. Ese resultado se obtiene así haya o no dinero en casa, eso me sacó de cuadro. ¿El otro libro? Me conmovió constatar el grado de amor que pueden tener las educadoras por su profesión. El sacrificio que han realizado con el propósito de brindar la mejor formación posible a sus chicas y chicos.
AO: Dos seis títulos da coleção “Mancha Brava”, eu diria que, mais do que qualquer história em particular, dois títulos se destacaram para mim: o terceiro e o último, com alunas e professoras, respectivamente. Primeiro, porque fiquei encantado em ver que há crianças com histórias poderosas e, melhor ainda, que isso é consequência de terem recebido carinho em seus lares. Esse resultado é alcançado independentemente de haver dinheiro ou não em casa, o que me surpreendeu. O outro livro? Fiquei comovido com o grau de amor que as educadoras podem ter por sua profissão. O sacrifício que fizeram com o objetivo de promover a melhor formação possível para meninas e meninos.
GV: Nesses 20 anos de entrevistas com mulheres, você vê alguma evolução na forma como elas são vistas na sociedade peruana?
AO: La revolución la están haciendo ellas, día a día y desde diferentes escenarios, pese a vivir en un país machista, clasista y racista. En estos 20 años se han creado una serie de gremios en los que las mujeres que han crecido en sus respectivos rubros les abren camino a las que recién empiezan. El trabajo es arduo, pero ahí están, dando batalla.
AO: A revolução está sendo feita por elas, dia após dia e em diferentes cenários, apesar de viverem em um país sexista, classista e racista. Nos últimos 20 anos, foram criadas várias associações nas quais mulheres que cresceram em seus respectivos campos estão abrindo caminho para aquelas que estão apenas começando. O trabalho é árduo, mas elas estão lá, lutando.
GV: O que você leva dessa jornada?
AO: Es difícil quedarme con un solo aspecto, pero diría que me impresiona la tarea de algunos maestros rurales, por ejemplo. Tenemos mucho que agradecerles; y no se está haciendo. Es triste, y pese a todo, persisten en esa labor.
AO: É difícil escolher apenas um aspecto, mas eu diria que estou impressionado com o trabalho de alguns professores rurais, por exemplo. Temos muito a agradecer a eles, e isso não está sendo feito. É triste, mas mesmo assim eles persistem nesse trabalho.