Moradores da comunidade de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, puderam acessar diversos serviços de órgãos federais durante a manhã e tarde deste sábado (20).
A iniciativa Governo do Brasil na Rua, do governo federal, levou atendimento como dentistas, equipes do INSS e serviços como o ID Jovem, além de vacinação para pessoas e microchipagem e vacinação para cães e gatos.
Também estavam presentes a Caixa, com linhas de crédito de reforma, e o Ministério da Cultura, com informações sobre editais e bolsas.
“E qual é a ideia? É trazer os programas, os serviços do governo federal para o povo, onde o povo está, porque às vezes o povo não tem como ir até o governo”, disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos.
Ali atrás tem o balcão do INSS. Muita gente que estava esperando um tempão na fila de perito do INSS, ou precisava de um documento, tem dificuldade de mexer no digital, no celular. Pessoas idosas estão vindo aqui e resolvendo o problema.”
Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, na abertura do Governo do Brasil na Rua em Heliópolis – Rovena Rosa/Agência Brasil
A iniciativa, explicou o ministro, serve tanto para fazer o serviço público chegar a áreas em que o governo não tem equipamentos diretos quanto para mostrar à população serviços que ela eventualmente não conhece, como a linha de financiamento Reforma Casa Brasil, de linhas de crédito de até R$ 30 mil, da Caixa, ou a documentação e microchipagem de animais, pelo programa SimPatinhas.
A ação em São Paulo é a segunda da série de Feiras. A primeira, no sábado (13) passado, fez 4,4 mil atendimentos na comunidade Sol Nascente, em Ceilândia, município do Distrito Federal.
Vacinação de animais domésticos contra raiva na segunda edição do Governo do Brasil na Rua – Rovena Rosa/Agência Brasil
A partir da segunda quinzena de janeiro as edições da Feira recomeçam, com previsão de atendimento a outras 25 cidades. As ações, em parceria com prefeitos e governadores, vão até junho de 2026, encerrando pouco antes do período de suspensão de atividades de serviços, por força da legislação eleitoral.
Para o ministro da Secretaria Geral, embora a ideia seja de integrar a iniciativa do governo federal com os entes municipais e estaduais – como ocorreu na semana passada, em Brasília – os representantes de São Paulo não tiveram interesse na iniciativa:
“Lamentavelmente, aqui em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio não mostraram interesse em se aproximar, em trazer políticas do governo na rua. São visões diferentes de governo, né? Tem governador por aí que é aplaudido de pé na Faria Lima. O presidente Lula é aplaudido de pé aqui em Heliópolis, em Paraisópolis, nas comunidades e nas periferias desse Brasil.”
“É natural que os governos tenham posições diferentes e não queiram colaborar, mas isso não vai impedir a gente de continuar trazendo os programas do governo do Brasil para a rua”, concluiu o ministro.
De tudo um pouco
Músico Paulo de Ângelo na segunda edição do Governo do Brasil na Rua, em Heliópolis – Rovena Rosa/Agência Brasil
Entre os moradores presentes, não importava tanto quem oferecia o serviço, mas o fato dele finalmente chegar, com efetividade.
O cearense Paulo Afonso de Ângelo, morador da região há 30 anos, chegou há poucos dias de uma temporada visitando parentes no Norte. Pretendia resolver pendências no INSS, passar pelo dentista e estava checando se suas vacinas estavam atualizadas.
“Eu acho que tá sendo muito bom, só que eu cheguei um pouquinho atrasado, se eu soubesse tinha chegado mais cedo, né? Porque não sei se vai dar tempo de fazer tudo, mas o que eu quero fazer é pelo menos o principal, que é a vacina e a outra parte do INSS, que eu já estou aguardando com a ficha”, contou Paulo, que trabalha como compositor e cantor.
Com seu gato em uma caixa de transporte, a diarista Luzinete do Carmo atualizava a carteira de vacinação do bichano.
Um pouco mais cedo trouxe também sua cachorrinha e fez, para ambos, o RG dos animais.
Em seguida ela aproveitou para resolver pendências da Previdência:
“Rapaz, eu só achei que não foi assim, tipo, muito avisado. Eu vi no Google ontem à noite, do nada. Eu tava no Google e vi, se não eu nem saberia. Aí hoje eu vim logo cedo, com minha cachorra. Agora com meu gato e vou voltar pra passar no INSS”, disse Luzinete.
Valdirene Souza procura orientação sobre assistência social – Rovena Rosa/Agência Brasil
Aguardando na fila para conversar com os atendentes do INSS, a metalúrgica Valdirene Souza veio para a Feira pois durante a semana lhe falta tempo para buscar esse tipo de serviço.
“Eu vim aqui para ver que tem um desconto no meu INSS já faz anos. Inclusive eu fui até no Correio para ver isso e fiquei de voltar lá, mas não voltei. Aí como já está aqui, resolvi aproveitar. No dia a dia tem de agendar. A gente que trabalha tem a vida muito corrida, né?”, ponderou a metalúrgica.
Do outro lado do balcão
Os serviços foram oferecidos por servidores de diversos órgãos. Tathiana Bagatini, por exemplo, trabalha na Superintendência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, no estado de São Paulo.
Ela veio com outros quatro colegas e estavam atuando junto com os trabalhadores da vigilância sanitária da prefeitura, que vacinavam animais de estimação e realizavam a microchipagem, com trabalhadores de uma ONG.
“Está sendo diferente para a gente, porque o nosso habitual é com animais silvestres. Animal doméstico, a gente nem tem atribuição, mas a gente veio para ajudar aqui no final de semana e está sendo muito interessante. A população tem tantas necessidades que a gente acabou ajudando com mais de uma. Muita gente a gente ajudou fazendo o cadastro do GOV.br, que as pessoas tinham que fazer para poder colocar o microchip, e muitos não tinham o cadastro”, explicou a servidora.
Segundo Tathiana, a maior dificuldade era de acesso, como um pacote de dados ou um celular compatível, ou ainda de pessoas que não conheciam os procedimentos para acessar a plataforma.
Segunda edição do Governo do Brasil na Rua, em Heliópolis – Rovena Rosa/Agência Brasil
Do outro lado do balcão
Teve ainda quem tenha vindo para trabalhar, mas aproveitou uma parada para botar os direitos em dia. É o caso de Brenda Goulart, que recebeu a segunda dose da vacina contra Hepatite B.
A servidora, da Secretaria Nacional de Juventude, esteve na ação de Ceilândia e acompanhará a caravana da Feira durante o próximo semestre, atuando no cadastro e emissão de carteirinhas do ID Jovem. Esse serviço atendeu algumas dezenas de pessoas neste sábado, a maioria com dificuldade para resolver pendências de cadastro na plataforma.
O ID Jovem pode ser feito por qualquer cidadão de 15 a 29 anos, cadastrado no CadÚnico e com renda média familiar abaixo de dois salários mínimos. Entre os benefícios após o cadastro estão a comprovação para o desconto de meia entrada em eventos culturais e a possibilidade de descontos ou mesmo de gratuidade em viagens de ônibus interestaduais.
“Estamos aqui para ajudar os jovens a entender, explicar o que é a política pública, explicar quais são os direitos que ela traz. E quem está com os requisitos certinhos, a gente emite a carteirinha também”, explicou Brenda.







