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Alinhamento planetário no Sistema Solar: não é como desfile de carnaval, mas ainda assim é um espetáculo

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Alinhamento planetário no Sistema Solar: não é como desfile de carnaval, mas ainda assim é um espetáculo

Ainda que, no Brasil, Astronomia e Samba compartilhem um dia – 2 de dezembro, Dia da Astronomia e Dia do Samba – uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Sobretudo o desfile cósmico dos planetas no nosso céu, que não tem nada ver com um desfile de escola de samba.

Mas que desfile cósmico de planetas é esse de que falamos? Ora, o leitor há de ter ouvido, lido ou assistido algo sobre um “alinhamento planetário” que se aproxima. É desse desfile que estamos falando.

Quando se fala em alinhamento dos planetas, a primeira imagem que me vem à mente é todos enfileirados um atrás do outro. Traçamos uma linha reta do Sol a Mercúrio e esta linha continuaria pelo espaço passando por Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno (só para citar os planetas visíveis a olho nu).

Isso lembraria, e muito, aquelas imagens que vemos em livros didáticos, com os planetas de fato enfileirados um atrás do outro:

Os planetas do Sistema Solar ‘alinhados’ como em um livro didático. Zzoplanet/Unlimphotos

Cada planeta na sua órbita

Mas não é assim que acontece na vida real. Como cada planeta tem sua órbita própria, e gira ao redor do Sol com uma velocidade diferente dos demais, a probabilidade de essa formação acontecer é ínfima. Algo como uma vez em trilhões de anos! (E não custa lembrar que o Universo não tem nem 15 bilhões de anos…)

Quando falamos de alinhamento planetário, estamos na verdade falando de algo visto da nossa perspectiva terrestre. Os pontos brilhantes que são os planetas no céu seguindo uma certa ordem, formando uma fila. Mas vou contar um segredo: isso acontece sempre!

O Sistema Solar é “achatado”. Isso acontece porque ele se formou a partir de uma grande nebulosa (uma nuvem de gás e poeira no espaço) que já possuía um certo movimento de rotação. Assim, pela força da gravidade interna à nuvem, devido às diferentes densidades em diferentes locais, vários objetos foram se formando.

Onde era mais denso, havia mais gravidade. E por haver mais gravidade, aquele lugar atraiu mais matéria, ficando mais denso ainda. Quanto mais matéria, mais gravidade, e quanto mais gravidade, mais matéria. É um processo acumulativo.

O lugar mais denso de todos, originalmente, foi o que mais atraiu matéria. Esse lugar é onde está o Sol. Mas outros lugares conseguiram formar outros corpos menores, e esses corpos menores ficaram ligados ao Sol devido à força de gravidade. E como a nebulosa original tinha seu movimento próprio de rotação, esses objetos menores preservaram isso e ficaram girando ao redor do Sol. Giram até hoje!

Como qualquer coisa que gira, esse sistema produziu uma força centrífuga (o nome é autoexplicativo: é uma força que procura “fugir do centro”). Isso fez com que o material girante fosse se espalhando pelo espaço, se achatando e definindo um plano. É por isso que o Sistema Solar é achatado. É por isso que os planetas estão todos, aproximadamente, no mesmo plano.

O Zodíaco

Para nós, terráqueos, que vivemos em um desses planetas que coabitam o plano do Sistema Solar, isso se traduz no fato de sempre veremos os demais planetas em uma região muito limitada do nosso céu. O nome técnico dessa parte do céu é Eclíptica. Mas podem chamar de “faixa zodiacal” mesmo. Os planetas sempre estarão na região do Zodíaco.

E é por isso que eu digo: os planetas sempre desenharão essa linha no céu, justamente por estarem restritos a uma faixa muito estreita da abóbada celeste. Mas se os planetas estão sempre alinhados, porque tanto se fala desse alinhamento planetário de agora?

Essa linha onde habitam os planetas obviamente dá a volta no céu todinho. Ou seja, é uma circunferência que abrange 360°. E é nessa volta completa que os planetas sempre se alinham. Isso quer dizer que, apesar de alinhados, eles podem não estar todos no céu ao mesmo tempo! Alguns podem estar abaixo do horizonte.

Mas nesse começo de ano demos sorte. Agora no final de fevereiro e começo de março teremos os cinco planetas visíveis a olho nu no céu ao mesmo tempo. Assim que o Sol se pôr, teremos Mercúrio, Vênus e Saturno próximos ao poente (oeste), Júpiter no alto no céu e Marte do lado oposto, no nascente (leste). E é por isso que tanto se está falando desse alinhamento planetário.

Boas observações!

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