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As palavras têm a palavra: episódio 2

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As palavras têm a palavra: episódio 2

As versões da língua francesa, faladas em todo o mundo, nem sempre se parecem. Em nossa coluna “Les mots ont la parole” (as palavras tem a palavra), damos espaço a palavras ou expressões específicas de uma região, de um país, de uma comunidade, mas também àquelas palavras intraduzíveis que em francês são preservadas como são ou que são parcialmente traduzidas e, finalmente, àquelas palavras francesas que não são traduzidas para o outro idioma e que adquirem muitas vezes outro significado.

O nosso primeiro episódio está disponível aqui.

Hoje, escolhemos estes três termos:

Kiffer: Jovens franceses usam este termo para “amar” alguém ou algo. Com origem no árabe, refere-se a “kif”, que significa “haschich”.

Este termo, usado no francês falado, desembarcou na França com a diáspora magrebina e tornou-se um termo comum em todas as comunidades. No entanto, há uma contradição: é muito raro que no Magrebe o verbo kiffer seja usado ao falar francês.

Associado ao mundo jovem, esse termo é frequentemente usado no rap como, por exemplo, na música intitulada “Avoue que tu kiffes” do cantor Axis que se refere a década de 1990:

Je ne sais quoi: neste caso, se trata do uso de uma expressão da língua inglesa, uma vez que, em francês, é muito rara. Essa expressão foi registrada a partir de 1956, na Inglaterra, e se refere a uma qualidade positiva, mas exclusiva. É necessário saber que, ao usar essa expressão em inglês, corre-se o risco de parecer pretensioso ou estar fingindo que se fala o francês do dia a dia. O pesquisador Richard Scholar destaca em sua tese que, já no século XVII, a expressão era usada por pessoas espirituosas como um artigo de moda linguística.

Saber falar diversas línguas é visto como um sinal de boa educação. Foi o que ocorreu na Inglaterra a partir do século XI: aqui, a língua francesa desempenhou um papel particular após a invasão normanda, já que a classe dominante adotou o normando e o francês antigo por vários séculos, enquanto o resto da população falava dialetos germânicos ou celtas. Depois, o anglo-normando continuou a ser falado em muitos contextos: da lei ao medicamento, dando origem aos termos legais em inglês “bailiff” e “attorney”.

Hoje em dia, essa expressão pode ser usada para imitar, de forma irônica, a burguesia e seu modo esnobe de ser. Este último está presente em algumas músicas pop, por exemplo, “Je ne sais quoi”, cantada em inglês por Hera Björk, representando a Islândia, no Eurovision 2010 ou, como abaixo, em “A certain je ne sais quoi” pelos Pet Shop Boys:

Há também um vídeo engraçado explicando sua pronúncia para os falantes de inglês:

Serviço: Esta palavra é usada no Líbano para descrever um serviço de táxi coletivo, como explicado neste guia da Routard:

I taxi popolari sono numerosi e si dividono per ridurre i costi di spesa. Si tratta dei famosi taxi collettivi, i servizi di taxi o servizi, come li definiscono i libanesi. Questi mezzi turistici possono trasportare fino a 5 passeggeri. […]

I servizi di taxi circolano su itinerari richiesti dai passeggeri. Possono cominciare ad avviarsi anche se il mezzo in questione non è pieno del tutto. Se questo è il caso, allora è buona usanza che il passeggero passi davanti: questo indica ad eventuali altri passeggeri che si tratta di un servizio di taxi (collettivo) e non di un taxi classico.

Os táxis populares são numerosos e são compartilhados para reduzir os custos. Estes são os famosos táxis coletivos, serviços de táxi ou serviços, como os libaneses os chamam. Estes veículos turísticos podem transportar até 5 passageiros. […]

Os serviços de táxi funcionam nas rotas solicitadas pelos passageiros. Podem iniciar o trajeto mesmo que o veículo em questão não esteja completamente cheio. Se for este o caso, então é necessário que o passageiro passe para o banco da frente: isso indica a outros passageiros que se trata de um serviço de táxi (coletivo) e não de um táxi clássico.

E, como acontece em toda parte, os motoristas de serviço têm opiniões muito distintas sobre o estado do mundo, como evidenciado neste vídeo do jornal libanês L’Orient Le jour:

Se tiver palavras ou expressões para incluir na nossa coluna “Le mots ont la parole” (as palavras têm a palavra), entre em contato conosco: filip.noubel@globalvoices.org

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