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Comunidade Wikimedia da Irlanda e Rising Voices colaboram na oficina de ativismo digital em irlandês na Biblioteca Nacional da Irlanda

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Comunidade Wikimedia da Irlanda e Rising Voices colaboram na oficina de ativismo digital em irlandês na Biblioteca Nacional da Irlanda

Alguns participantes da oficina de ativismo digital da Rising Voices coorganizada com a Comunidade Wikimedia da Irlanda, na Biblioteca Nacional da Irlanda. CC BY-SA 4.0

O artigo a seguir foi republicado como parte de uma colaboração com a Comunidade Wikimedia da Irlanda e foi originalmente  publicado no seu site em 28 de julho de 2025. 

Em 14 de julho de 2025, a Comunidade Wikimedia da Irlanda coorganizou a oficina de ativismo digital do Rising Voices, com 20 participantes, na Biblioteca Nacional da Irlanda.

Entre os presentes, havia vários interessados em tecnologia e mídia em língua irlandesa, além de educadores, representantes da Conradh na Gaeilge (uma organização social e cultural que promove o irlandês na Irlanda e no mundo) e do Tuarisc.ieGaelGoerADAPT’s eSTÓR (equipe dedicada a melhorar traduções de máquina e promover igualdade digital linguística na Europa), Raidió na Life, Raidió Rí-Rá, e outros criadores de conteúdo em irlandês.

O conhecimento aberto é importante para manter a inclusão, a acessibilidade e a diversidade das informações que consumimos. Seu papel é decisivo para ajudar a desarmar uma sociedade na qual certas tradições, crenças, vozes, heranças, etnias ou línguas têm maior valor ou dominância do que outras.

Por este motivo, a divulgação da língua irlandesa é um elemento decisivo do nosso trabalho. Vicipéid, a Wikipédia em irlandês, oferece um valioso espaço para a língua irlandesa prosperar num contexto comunitário no espaço digital. Ficamos honrados em participar da colaboração internacional com o Rising Voices e coapresentar a oficina junto à Biblioteca Nacional da Irlanda.

Sobre o Rising Voices e as ferramentas da UNESCO

para o ativismo digital

Rising Voices é um projeto de divulgação da Global Voices que auxilia comunidades subrepresentadas que desejam contar suas próprias histórias por meio das mídias digitais. Cinquenta por cento das línguas faladas atualmente acabarão extintas ou estarão em grave risco até 2100. O irlandês é considerado uma língua em risco de extinção digital e foi incluído no Atlas Mundial das Línguas em Perigo da UNESCO, como “em perigo definitivo”.

Para o Decênio Internacional das Línguas Indígenas do Mundo, de 2022 a 2032, o Rising Voices e vários colaboradores trabalharam juntos para criar um conjunto de ferramentas para iniciativas digitais voltadas às línguas indígenas da UNESCO. As ferramentas ilustram como a internet e outros recursos digitais podem ser usados para conservar e promover línguas indígenas, e foram a base da oficina.

Cada língua indígena, em perigo e com poucos recursos, tem seu próprio contexto, necessidades e recursos distintos; portanto, é importante compreender o contexto local. Trabalho de base é a chave para alcançar uma mudança que tenha impacto e seja significativa. O trabalho precisa ser orientado pela experiência e pelo conhecimento locais, ou, em outras palavras, por aqueles que usam ativamente a língua no espaço digital.

A oficina de ativismo digital do Rising Voices

Jornalistas de língua irlandesa na oficina da Rising Voices x Wikimedia Comunidade da Irlanda. CC BY-SA 4.0

A agenda do dia foi cheia de apresentações entusiasmadas, sessões interativas, espaços em grupo para perguntas e mesas-redondas. Mesmo sendo uma atividade bilíngue, a maior parte dos presentes optou por usar o irlandês durante todo o evento, o que criou uma atmosfera aberta e convidativa, instilando confiança nas habilidades linguísticas de cada participante.

O dia teve início com uma mesa-redonda com Maitiú Ó Coimín (Tuairisc.ie) e Róisín Ní Mhaoláin (Raidió na Life) sobre como a digitalização mudou o panorama da mídia. Nóirín Ní Bhraoin, cofundadora do aplicativo GaelGoer (o primeiro aplicativo de comunicação em irlandês), também participou. Cassie Ní Chatháin e Kate Ní Dhubhlaoich, do Conradh na Gaeilge, apresentaram, em irlandês, iniciativas de ativismo linguístico e de organização comunitária.

A Dra. Abigail Walsh, do projeto ADAPTs eSTÓR, apresentou, com seus colegas Mark Andrade e Bláithín Heffernan, o trabalho que atualmente estão realizando na curadoria de dados com Vicipéid. O projeto pretende desenvolver recursos importantes para a tradução automática para o irlandês (EC) e garantir a alta qualidade do processamento de dados de textos digitais em irlandês, algo vital para alcançar a igualdade em linguagem digital.

A discussão após a apresentação teve foco no desalinhamento entre as ferramentas tecnológicas disponíveis para línguas minoritárias e majoritárias e no seu grande potencial para promover a elevação da língua no espaço digital.

Criação de conteúdo como ponto de partida para o ativismo digital

Os criadores de conteúdo em irlandês, Laura Pakenham e Cúán de Búrca, também se apresentaram. Seu conteúdo em irlandês é um bom exemplo de como podemos usar as plataformas das redes sociais para promover o uso de línguas minoritárias no nosso dia a dia.

Pakenham estimula os usuários a adotar o irlandês em suas linguagens cotidianas. Ela falou sobre superar a síndrome do impostor e enfatizou como os erros podem conduzir ao aprendizado. Suas postagens geralmente são vídeos em estilo vlog, mostrando o seu cotidiano em Galway e usando o irlandês nas interações diárias, como quando compra um café ou ao passa numa loja. Seu conteúdo inspirador se baseia no princípio de que, em vez de se intimidar com a falta de fluência, devíamos focar nas palavras que já sabemos e fazer pequenas modificações diárias.

De Búrca, criador de conteúdo e apresentador de podcast, afirmou que a revitalização das línguas minoritárias começa com uma comunidade, que pode ser “até mesmo duas pessoas falando irlandês em vez de inglês”.

Ele também mencionou o “efeito Kneecap”(banda irlandesa de hip-hop) e como o irlandês está em alta. No entanto, enfatizou que o envolvimento com o irlandês em nível mais profundo pode levar a uma experiência linguística mais enriquecedora.

Ambos os palestrantes deram alguns insights ao público sobre a criação de conteúdo, como o uso de Gaeilge no TikTok. Eles destacaram como pequenos e importantes detalhes, como entender como aumentar o engajamento e cultivar seu público, podem ser habilidades poderosas para o ativismo digital.

Resultados da oficina: plano estratégico TREORCHLÁR

Após as apresentações, os participantes montaram juntos um plano estratégico para o ativismo digital para a Irlanda. O plano delineia o panorama atual, os desafios, as ferramentas, os objetivos e a visão coletiva para o futuro da língua irlandesa nos contextos digital e comunitário. Destaca o crescente interesse e o orgulho do irlandês entre as pessoas, ainda que haja poucos recursos, desinteresse do governo e falta de infraestrutura de apoio.

Os maiores desafios incluem insuficiência de financiamento, tempo e compreensão das necessidades da comunidade, bem como um déficit de ferramentas digitais acessíveis em irlandês. O plano vislumbra um futuro em que o irlandês seja amplamente falado, visível em espaços públicos e on-line, possua suporte de ferramentas digitais robustas, como aplicativos de tradução e tecnologias de IA, e seja integrado à vida diária na educação e nos serviços. Acima de tudo, o sonho é que o irlandês seja uma língua viva e próspera, usada com confiança em todos os aspectos da sociedade.

Os próximos passos para a Iniciativa de Ativismo Digital do Rising Voices são apresentar aos integrantes do governo envolvidos com o idioma os resultados das discussões e o plano estratégico para a execução do Plano Digital para o irlandês.

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