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Filme Honestino emociona em estreia mundial durante Festival do Rio

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Filme Honestino emociona em estreia mundial durante Festival do Rio

Honestino, filme de Aurélio Michiles, teve sua estreia mundial nesta quinta-feira (10) na programação oficial do Festival do Rio, e emocionou o público no Cine Odeon, no centro do Rio de Janeiro. A obra revisita a trajetória do líder estudantil Honestino Guimarães, desaparecido durante a ditadura militar, combinando elementos de documentário e ficção.

Quando recebeu o convite para dirigir o longa, Aurélio  Michiles, que era amigo de Honestino e também participava do movimento estudantil, revela que a decisão foi difícil.

“O Honestino sempre esteve no horizonte das minhas realizações. Sempre pensei em contar a história dele, mas não tinha coragem, porque é também a nossa história, a de um Brasil injusto, violento, que matou milhares de brasileiros”, disse o diretor.

O documentário, produzido por Nilson Rodrigues, adota uma linguagem híbrida, combinando entrevistas e imagens de arquivo com cenas ficcionais interpretadas por Bruno Gagliasso. Essa opção estética aproxima o personagem do presente e dá fluidez ao relato, colocando o espectador diante de uma história que não está encerrada. 

Produtor Nilson Rodrigues (E), o ator Bruno Gagliasso (C) e o diretor de Honestino, Aurélio Michiles – Foto: Anna Karina de Carvalho/Divulgação

“Nosso propósito é não deixar o personagem congelado numa fotografia antiga, mas torná-lo tangível, vivo. O ontem é hoje e o hoje pode ser o futuro”, define Michiles.

A motivação para dirigir o filme, segundo ele, surgiu de forma inesperada, ao assistir a um vídeo da neta de Honestino Guimarães durante a reinauguração da Ponte Honestino Guimarães, em Brasília.

“Ela dizia que gostaria de ouvir a história do avô contada por ele mesmo. Aí pensei, chegou a hora de contar essa história”, relembrou Michiles.

O resultado é um docudrama que combina depoimentos reais, imagens de arquivo e dramatizações para reconstruir a trajetória do ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), desde 1968, quando liderava o movimento estudantil, até a sua prisão e desaparecimento em 1973, aos 26 anos de idade.

O ator Bruno Gagliasso interpreta o papel principal e destaca o simbolismo do projeto.

“É um filme muito simbólico. Tentaram silenciar o Honestino há 50 anos, mas o silêncio não venceu. Ele defendia educação, liberdade e democracia. É um filme sobre o presente, não sobre o passado”, disse.

Para o produtor Nilson Rodrigues, o longa encerra uma trilogia sobre o período da ditadura militar, iniciada com O Outro Lado do Paraíso (2014) e seguida por O Pastor e o Guerrilheiro (2022).

“O Honestino merecia ter sua história contada. Dentro do movimento estudantil, ele é um símbolo, mas ainda pouco conhecido fora desse meio. Temos um compromisso com a memória de quem lutou pela democracia”, afirmou Rodrigues.

A trilha sonora, composta por Flávia Tygel, reforça a carga emocional da narrativa. 

“A trilha precisava conter repressão e perigo, mas também poesia e esperança. Honestino é liberdade. Gravamos com cordas, violão e programações eletrônicas para criar essa mistura entre passado e presente”, explicou.

A canção original O Coro dos Canalhas, interpretada por Fafá de Belém, e composta por Tigel em parceria com Michiles e Chico Chaves, encerra o filme com intensidade e simbolismo.

Honestino resgata a memória do líder estudantil desaparecido na ditadura – Foto: Luciana Melo/Divulgação

Durante a sessão de estreia, o público reagiu com emoção. A professora carioca de História Maria Solange Melo Lins destacou a relevância do longa para as novas gerações.

“É impactante. Precisamos resgatar essas histórias para que nossos alunos conheçam o que foi a ditadura. O cinema é uma ferramenta maravilhosa para entender a História”, disse.

Concorrendo na mostra competitiva do Festival do Rio, que segue até 12 de outubro, Honestino deve chegar aos cinemas em maio de 2026.

“O filme é sobre memória, coragem e compromisso com a verdade. É sobre o Brasil que foi e o Brasil que ainda somos”, resume Aurélio Michiles.

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