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Fórum na Unicamp expõe importância dos mediadores nos museus universitários

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Fórum na Unicamp expõe importância dos mediadores nos museus universitários

No dia 08 de Setembro de 2025, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) promoveu o Fórum Permanente “A Importância dos Museus Universitários na Formação Profissional de Mediadores e Monitores”. O encontro reuniu professores, estudantes e gestores de museus para discutir um tema crucial, mas muitas vezes subestimado: o papel dos mediadores na difusão do conhecimento científico.

Museus universitários não são apenas espaços de exposição. Eles funcionam como pontes entre a produção acadêmica e a sociedade. E, nessa travessia, os mediadores — em sua maioria estudantes de graduação e pós-graduação em formação — são figuras centrais. São eles que transmitem a linguagem científica, muitas vezes hermética, em narrativas acessíveis para escolas, famílias e visitantes de diferentes origens.

Ciência não existe sem difusão

A universidade é um polo de geração de conhecimento. Mas se esse conhecimento não circula, não alcança a sociedade e não provoca diálogo, ele perde parte de sua relevância. Os museus universitários cumprem justamente esse papel extensionista, promovendo um movimento vivo entre pesquisa e público. Nesse processo, os alunos que atuam como mediadores – ou guias – não apenas comunicam ciência, mas também aprendem a escutar, dialogar e adaptar discursos. E essas são habilidades essenciais em qualquer profissão no presente e no futuro.

Desafios compartilhados no Brasil e no mundo

No Fórum, discutiram-se questões óbvias, como a necessidade de investimentos constantes em infraestrutura e manutenção dos museus. Mas também emergiu uma constatação importante: os desafios enfrentados no Brasil não são tão diferentes dos de instituições internacionais.

Foi possível refletir que a pergunta central da mediação órbita em como valorizar o tempo do mediador no Museu? É nítido a necessidade de um Museu para ser mediado. E neste sentido aprendemos sobre organização de dois grande exemplos de grandes Museus localizados no hemisfério Sul: o Origins Centre, da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, coordenado e apresentado pela Tammy Hodgskiss Reynard, que se dedica a contar a história da humanidade a partir das origens africanas, e sobre o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, um dos mais antigos do Brasil, que foi apresentado pela sua atual coordenadora de extensão Sue Anne Regina Ferreira da Costa.

O Emílio Goeldi possui infraestrutura e programas de ensino, pesquisa e extensão na região amazônica e conta com mediação realizada por estagiários e alunos voluntários de graduação e pós, em atividades de curricularização extensionista, fomentada por resolução federal.

Na medida em que a extensão é uma característica importante da formação do aluno universitário, onde mora o limite entre a atividade acadêmica e a remuneração necessária para atender o trabalho realizado pelo aluno? Como garantir que a remuneração seja apenas um componente estruturante da mediação? Como provocar a devida emoção que toda atividade de difusão de conhecimento necessita? Parte desses questionamentos foram ainda mais instigados na apresentação do professor André Machado Rodrigues, coordenador do Laboratório de Demonstrações Ernst Wolfgang Hamburger, que levantou o debate sobre ensino e difusão científica: quais são os objetivos que separam uma atividade da outra? Especialmente em um espaço onde ambas as atividades compartilham dos mesmos meios para serem realizadas.

Mais do que aprendizado, uma formação profissional

Participar como mediador em museus universitários não é apenas uma atividade extracurricular. É uma experiência formativa que contribui para a autonomia, a responsabilidade social e a capacidade de comunicação de jovens cientistas. Muitos estudantes relatam que, ao interagir com visitantes curiosos e questionadores, aprofundam a própria compreensão sobre os temas que pesquisam. E, para isso, Carolina Zabini, coordenadora do Programa Tempo Profundo, ressaltou a importância do conhecimento prévio do mediador para poder se apropriar do assunto e difundi-lo com a profundidade que cada audiência necessitar.

Os diferentes museus, proporcionam experiências de mediação bem peculiares às suas estruturas e objetivos, como pudemos observar nas exibições sobre o Museu da Diversidade Biológica, com Michela Borges; sobre o Museu de Artes Visuais, com Gabriel Ferreira Zacarias; e sobre o Museu Exploratório de Ciências, com Guilherme Stecca Marcom, co-autor deste artigo.

Essa vivência prepara os mediadores não apenas para carreiras acadêmicas, mas também para funções em educação, divulgação científica, gestão cultural e até em áreas inesperadas, como políticas públicas ou empreendedorismo social.

Um chamado à valorização

O Fórum Permanente da Unicamp reforçou algo que deveria estar mais presente nas políticas de ciência e cultura do país: a democratização do conhecimento é parte fundamental do ensino da ciência. Investir em museus universitários é investir em futuros profissionais capazes de dialogar com a sociedade, é investir em uma sociedade culturalmente e cientificamente mais rica.

O desafio agora é transformar essa percepção em prática, garantindo recursos, reconhecimento e espaço institucional para que os mediadores continuem a desempenhar seu papel fundamental, que há anos já realizam, antes mesmo da curricularização da extensão.

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