O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, disse neste domingo (22) que o país não está em guerra contra o Irã, mas sim contra o programa nuclear iraniano. “Acho que o presidente {Donald Trump} tomou medidas decisivas para destruir esse programa ontem à noite”, afirmou Vance em entrevista à emissora de TV americana, ABC.
Trump detalhou na noite deste sábado (21) os ataques contra três instalações nucleares iranianas. Em pronunciamento à nação, ele afirmou que o objetivo era destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e deter a suposta ameaça nuclear.
“Sabemos que atrasamos substancialmente o programa nuclear iraniano ontem à noite. Sejam anos ou mais, sabemos que levará muito tempo até que o Irã consiga construir uma arma nuclear, se quiser. Mas, na verdade, acho que isso levanta a questão mais importante, sobre a qual o presidente falou ontem à noite. Queremos que o Irã desista de seu programa de armas nucleares pacificamente, mas não há como os Estados Unidos permitirem que o Irã tenha uma arma nuclear”, disse o vice-presidente.
Ainda de acordo com Vance, o Irã terá que escolher se vai seguir o caminho da guerra contínua, do financiamento do terrorismo, da busca por uma arma nuclear, ou se vai trabalhar com os Estados Unidos para abandonar as armas nucleares permanentemente.
“Se eles estiverem dispostos a escolher o caminho inteligente, certamente encontrarão um parceiro disposto nos Estados Unidos para desmantelar esse programa de armas nucleares. Mas se eles decidirem que vão atacar nossas tropas, se decidirem… Se eles continuarem tentando construir uma arma nuclear, responderemos a isso com força esmagadora”, acrescentou.
Segundo Vance, uma das poucas questões em que Rússia, China e Estados Unidos concordam amplamente é que não querem ver uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio. “Deixarei o presidente {russo, Vladimir} Putin falar sobre a posição oficial russa sobre isso. Mas estou muito confiante de que, tanto para a Rússia quanto para a China e, mais importante, é claro, para nós, não queremos que o Irã tenha uma arma nuclear. E acredito que esse objetivo continuará a animar a política americana pelos próximos anos.”
Contexto
Acusando o Irã de estar próximo de desenvolver uma arma nuclear, Israel lançou um ataque surpresa contra o país no último dia 13, expandindo a guerra no Oriente Médio.
O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos e que estava no meio de uma negociação com os Estados Unidos para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual Irã é signatário.
No entanto, a AIEA vinha acusando o Irã de não cumprir todas suas obrigações, apesar de reconhecer que não tem provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. O Irã acusa a agência de agir “politicamente motivada” e dirigida pelas potências ocidentais, como EUA, França e Grã-Bretanha, que têm apoiado Israel na guerra contra Teerã.
Em março, o setor de Inteligência dos Estados Unidos afirmou que o Irã não estava construindo armas nucleares, informação que agora é questionada pelo próprio presidente Donald Trump.
Apesar de Israel não aceitar que o Irã tenha armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.