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O mundo oculto e perigoso dos vermes parasitas – como identificar os sinais incomuns

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O mundo oculto e perigoso dos vermes parasitas – como identificar os sinais incomuns

A comediante britânica Shappi Khorsandi comentou, certa vez, que usou o conceito mítico de “vermes de açúcar” para fazer seus filhos escovarem os dentes depois de ingerir doces. É um truque que eu também adotei para convencer minha filha a fazer o mesmo. Desde então, ela se tornou atenta com isso e, agora, felizmente, consegue conviver com o hábito de escovar os dentes duas vezes por dia sem resistência.

Vermes reais agora são um ponto de discussão em muitas outras casas com crianças pequenas. A cada poucas semanas, creches e escolas informam os pais sobre mais uma ocorrência de lombriga. Não é de se surpreender que esses bestas inquietas continuem aparecendo, considerando o quão facilmente transmissíveis elas são.

Verme do assento

A infestação por vermes oxiúros é uma doença menor comum, principalmente em crianças. A espécie de verme que a causa é a Enterobius vermicularis. Também é conhecido como ‘verme do assento’, possivelmente porque as partes do corpo que ele mais comumente afeta são aquelas em que você se senta.

O ciclo de vida de um verme oxiúro é simples. Suas larvas vêm de ovos ingeridos que eclodem no intestino delgado. Normalmente, elas formam uma colônia dentro da primeira parte do intestino grosso (o ceco).

Mas seu efeito mais comum parece ser no ânus, para onde as fêmeas migram, geralmente à noite, e depositam seus ovos. Isso resulta nos sintomas comuns de muita coceira nas nádegas, especialmente em período noturno. O incômodo naturalmente faz com que o paciente se coce, facilitando a migração dos ovos recém-postos sob suas unhas e permitindo que eles se espalhem para outros hospedeiros por meio do contato. Pode afetar qualquer pessoa — adultos e crianças.

É possível detectar oxiúros nas fezes após a evacuação. Eles podem se manifestar de várias outras maneiras, incluindo irritabilidade noturna e xixi na cama. Como os vermes preferem viver no intestino, em condições raras eles podem causar dor abdominal e mimetizar uma apendicite. Na verdade, em alguns casos, o apêndice chega a ser removido e descobre-se que está abarrotado de vermes.

Em casos raros, os sintomas podem imitar apendicite. Pixel-Shot/Shutterstock

A condição é geralmente leve e pode ser tratada em casa. Mebendazol, um medicamento oral contra vermes, pode ser comprado sem receita na maioria das farmácias e normalmente é eficaz.

É recomendado tratar todos na casa com idade acima de dois anos, caso a doença já tenha se espalhado – lembrando que, às vezes, não há sintomas a serem notados. Mas, é importante falar com um médico sobre crianças menores que dois anos, mulheres grávidas ou amamentando e que estejam com oxiúros, pois a medicação pode não ser adequada.

Medidas de higiene são importantes para ajudar a limpar a infecção e prevenir a disseminação, especialmente em pessoas que não podem tomar medicamentos. Isso envolve lavar as mãos firmemente, lavar as roupas e evitar coçar as áreas afetadas. É uma boa ideia aparar as unhas para evitar que os ovos fiquem presos sob elas.

“Doença do Jeca Tatu”

Os vermes filamentosos não são os únicos (helmintos) que invadem os humanos. Os ancilóstomos, verminose causada por parasitas – também conhecida no Brasil como “Doença do Jeca Tatu” ou “Amarelão” – por exemplo, afetam cerca de 470 milhões de pessoas no mundo todo. As infecções no Reino Unido são mais raras, já que os ancilóstomos preferem um clima mais quente.

Assim como a lombriga, eles também tendem a se instalar no intestino delgado – embora possam chegar lá de uma outra forma muito mais complicada. As larvas dos ancilóstomos conseguem atravessar a pele e viajar para os pulmões pela corrente sanguínea. Uma vez lá, eles atingem a garganta, onde podem ser engolidos.

Como o trato respiratório e o intestino são os lugares favoritos para esses vermes se alojarem, os sintomas de infecção por ancylostoma tendem a estar associados a eles – como tosse e chiado. A inflamação no intestino delgado, desencadeada pela infestação, pode gerar dor abdominal e diarreia. E dificultar a absorção de proteínas e ferro do intestino, causando anemia.

Uma erupção cutânea característica pode ser notada no estágio em que as larvas começam a ‘andar’ através da pele – parecendo um pouco com uma cobra se contorcendo. Na medicina, chamamos isso de larva migrans cutânea. No Brasil, esse tipo de larva é chamado, popularmente, de ‘bicho geográfico’.

Assim como a lombriga, a ancilostomíase pode ser tratada com remédios orais.

A larva migrans cutânea pode assemelhar-se a cobras que se enterram sob a pele. TisforThan/Shutterstock

Filárias

Os vermes não invadem apenas o intestino ou os pulmões. Alguns deles se espalham para outras regiões do corpo. Veja a filariose linfática – ou elefantíase -, uma condição que surge quando certos vermes da ordem Filariidae se infiltram no sistema linfático.

Uma foto de 1890 de três homens com elefantíase. Chronicle / Alamy Stock Photo

Os vasos linfáticos agem como tubos de drenagem, removendo o excesso de fluido dos tecidos e retornando-o à corrente sanguínea. Quando os vermes invadem e inflamam o sistema linfático, o resultado é linfedema – um acúmulo de fluido nas extremidades (como as pernas), que causa inchaço e desconforto.

Em casos extremos, o inchaço pode ser profundo, resultando em uma condição conhecida como elefantíase. Isso ocorre porque a infestação de vermes causa não apenas inchaço, mas também alterações na pele – tornando-a mais espessa e resistente, e assumindo a aparência de pele de elefante.

Essas são apenas algumas das condições causadas por helmintos que podem afetar humanos. Outros exemplos incluem tênias e os vermes que também são intestinais. No entanto, a micose não é um verme, como se atribui, equivocadamente – na verdade, é causada por uma infecção fúngica.

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