O que é a NiMe, dieta de vegetais, legumes, frutas, pouca proteína animal e quase nada de alimentos processados

por The Conversation
0 comentários
O que é a NiMe, dieta de vegetais, legumes, frutas, pouca proteína animal e quase nada de alimentos processados

Um mercado de alimentos em Papua Nova Guiné.

Uma equipe estudou os microbiomas intestinais de moradores rurais da Papua Nova Guiné e descobriu que são mais diversos do que seus equivalentes ocidentalizados, enriquecidos com bactérias que prosperam em fibras alimentares e com níveis mais baixos de bactérias causadoras de inflamações, normalmente encontradas em pessoas que comem alimentos altamente processados. Tanya Keisha/Shutterstock

Author

Disclosure statement

Jens Walter recebeu honorários e/ou consultoria paga da PrecisionBiotics/Novonesis A/S. NiMe é uma marca registrada de Anissa M. Armet e Jens Walter. A pesquisa descrita neste artigo foi apoiada pela Weston Family Microbiome Initiative, PrecisionBiotics Group Ltd., o “Hundred Talents Program” Research Start-up Fund da Zhejiang University, Alberta Innovates Postgraduate Fellowship, Izaak Walton Killam Memorial Scholarship, a Alberta Innovates Graduate Student Scholarship, a Frederick Banting and Charles Best Canada Graduate Scholarship, a Walter H. Johns Graduate Fellowship, a University of Alberta Doctoral Recruitment Scholarship, o Campus Alberta Innovates Program, o Canada Research Chairs Program, a bolsa Science Foundation Ireland Centre para a APC microbiome Ireland (APC/SFI/12/RC/2273_P2) e uma Science Foundation Ireland Professorship (19/RP/6853). Gostaria de agradecer ao povo de Papua Nova Guiné, cujo modo de vida foi uma inspiração para o desenvolvimento da dieta NiMe, e aos participantes do teste em humanos. Sou profundamente grato a todos os colaboradores e instituições científicas que contribuíram para a pesquisa (consulte a lista de autores e afiliações na publicação). Gostaria de agradecer ao Prof. Andrew Greenhill (Federation University, Austrália) e ao Prof. William Pomat (Papua New Guinea Institute of Medical Research) por me receberem em Papua Nova Guiné em 2019. Gostaria também de agradecer a Jessica Stanisich e Tina Darb da APC Microbiome Ireland por sua ajuda com este artigo.

Partners

University College Cork

University College Cork provides funding as a member of The Conversation UK.

View all partners

Languages

  • Portuguese
  • English

As dietas ocidentais – ricas em alimentos processados e pobres em fibras – estão associadas à obesidade, ao diabetes e às doenças cardíacas. Elas não prejudicam nossos microbiomas intestinais – a complexa comunidade de bactérias, fungos e vírus encontrados em nosso trato intestinal – que são importantes para a saúde como um todo.

Eu e meus colegas cientistas estamos buscando ativamente maneiras de criar microbiomas saudáveis para prevenir doenças crônicas. E minha busca me levou à Papua Nova Guiné (país da Oceania).

Há muito tempo sou fascinado por este país, com seus vales remotos quase intocados pelo mundo moderno até 1930, mais de 800 idiomas, um antigo sistema de agricultura de subsistência e comunidades inteiras vivendo um estilo de vida não industrializado.

Esse fascínio deu início a um emocionante projeto de pesquisa de nove anos envolvendo pesquisadores de oito países, o que levou a um artigo publicado na revista científica Cell.

Em pesquisas anteriores, minha equipe estudou os microbiomas intestinais de moradores rurais da Papua Nova Guiné. Descobrimos que são mais diversos do que seus equivalentes ocidentalizados, enriquecidos com bactérias que prosperam em fibras alimentares e com níveis mais baixos de bactérias causadoras de inflamações, normalmente encontradas em pessoas que comem alimentos altamente processados.

Essas informações forneceram dicas sobre como corrigir, possivelmente, os danos causados aos nossos microbiomas intestinais.

A dieta tradicional da zona rural de Papua Nova Guiné é rica em alimentos vegetais não processados, cheios de fibras, mas com baixo teor de açúcar e calorias, algo que pude comprovar pessoalmente em uma viagem de campo no país. Determinada a criar algo que todos pudessem usar para beneficiar a saúde, nossa equipe apreendeu o que vimos na Papua Nova Guiné e em outras sociedades não industrializadas para criar uma nova dieta que chamamos de dieta NiMe (non-industrialised microbiome restore ou, em português, restauração do microbioma não industrializado).

O que diferencia a NiMe de outras dietas é que ela é dominada por vegetais (como folhas verdes), leguminosas (como feijões) e frutas. Ela contém apenas uma pequena porção de proteína animal por dia (salmão, frango ou porco) e evita alimentos altamente processados.

Laticínios, carne bovina e trigo foram excluídos do teste em humanos porque não fazem parte da dieta tradicional na Papua Nova Guiné rural. A outra distinção característica da dieta é um conteúdo substancial de fibras alimentares. Em nosso estudo, optamos por cerca de 45 gramas de fibras por dia, o que excede as recomendações das diretrizes alimentares.

Um dos meus alunos de doutorado foi criativo na cozinha, inventando receitas que agradam a pessoas acostumadas a pratos ocidentais típicos. Essas refeições nos permitiram desenvolver um plano para ser testado em um estudo estritamente controlado em adultos canadenses saudáveis.

Resultados notáveis

Observamos resultados relevantes, incluindo perda de peso (embora os participantes não tenham alterado sua ingestão calórica regular), uma queda no colesterol ruim em 17%, diminuição do açúcar no sangue em 6% e uma redução de 14% em um marcador de inflamação e doença cardíaca chamado proteína C-reativa.

Esses benefícios foram diretamente ligados a melhorias no microbioma intestinal dos participantes, especificamente, os que tinham características de microbioma danificadas pela industrialização.

Em uma dieta ocidental pobre em fibras alimentares, o microbioma intestinal degrada a camada de muco do intestino, o que leva à inflamação. A dieta NiMe preveniu esse processo, que foi associado a uma redução na inflamação.

A dieta também aumentou os metabólitos bacterianos benéficos (subprodutos) no intestino, como ácidos graxos de cadeia curta, e no sangue, como o ácido indol-3-propiônico – um metabólito que demonstrou proteger contra diabetes tipo 2 e danos nos nervos.

As pesquisas também demonstram que o baixo teor de fibra alimentar faz com que os micróbios intestinais aumentem a fermentação de proteínas, o que gera subprodutos prejudiciais que podem contribuir para o câncer de cólon.

Na verdade, há uma tendência preocupante de aumento do câncer de cólon em pessoas mais jovens, que pode ser causado por tendências recentes de dietas ricas em proteínas ou suplementos. A dieta NiMe aumentou a fermentação de carboidratos em detrimento da fermentação de proteínas, e reduziu as moléculas bacterianas no sangue dos participantes que estão ligadas ao câncer.

As descobertas da nossa pesquisa mostram que uma intervenção dietética direcionada à restauração do microbioma intestinal pode melhorar a saúde e reduzir o risco de doenças. A dieta NiMe oferece um roteiro prático para alcançar esse objetivo, fornecendo receitas que foram usadas em nosso estudo. Ela permite que qualquer pessoa interessada em alimentação saudável melhore sua dieta para alimentar as células humanas e o microbioma.

This article was originally published in English

Want to write?

Write an article and join a growing community of more than 197,400 academics and researchers from 5,123 institutions.

Register now

Você também pode gostar

Informa Digital

Compromisso com a transparência, inovação e o livre acesso à informação.

Notícias por E-mail

Subscribe my Newsletter for new blog posts, tips & new photos. Let's stay updated!

Últimas Notícias

@2025 – Todos os direitos reservados. Desenvolvido e mantido por Jornal Notícias Digitais.

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Pressuporemos que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não aceitar, se desejar. Aceitar Ler Mais

-
00:00
00:00
Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00