Em 10 de junho, o Parlamento da Rússia aprovou uma lei para criar um aplicativo de mensagens “com autorização para utilizar serviços estatais”. A descrição detalhada da aplicação na legislação sugere que foi elaborada para hospedar um app de mensagem chamado Max, desenvolvido pela maior plataforma de redes sociais da Rússia, a VK.
Como noticiou o meio de comunicação social independente russo Meduza, em 4 de junho, o ministro do Desenvolvimento Digital, Maksut Shadayev divulgou que a VK já tinha desenvolvido um aplicativo de “mensagem totalmente russo”, comparável – e mesmo superando – as capacidades técnicas dos aplicativos estrangeiros.
A estatal Duma, página oficial do parlamento Russo, observou que os usuários serão capazes de utilizar sua assinaturas eletrônicas diretamente no aplicativo para assinar documentos, bem como usar o aplicativo para verificar informações, tais como identidade, idade, direito a benefícios e qualificações acadêmicas. Dessa forma, a administração tem como objetivo substituir alguns documentos impressos.
“Com esse aplicativo”, explicou Sergey Boyarsky, chefe da comissão parlamentar da política de informação, “você será capaz de confirmar sua idade no caixa do supermercado ou mesmo fazer check-in em um hotel sem apresentar qualquer documento físico”. Além disso, “todos os serviços educacionais e chats atualmente usados por instituições educacionais em todos os níveis” serão transferidos para o serviço de mensagem nacional.
No momento, o maior desafio em bloquear o WhatsApp e o Telegram, os únicos aplicativos de mensagens ocidental ainda autorizados na Rússia, é que a maioria da população os utilizam para comunicação diária em grupos escolares do WhatsApp e conversas familiares no Telegram. Entretanto, as escolas agora serão obrigadas a usar o novo aplicativo de mensagem, e sua integração com os serviços estatais deve impulsionar um grande número de usuários a migrar completamente ou, no mínimo, a instalar o novo aplicativo juntamente com suas plataformas de mensagens existentes.
Em uma entrevista ao veículo de comunicação social de oposição TV Rain, Mikhail Klimarev, diretor da ONG Sociedade de Proteção da Internet, disse que o Telegram seria o primeiro da fila a ser cortado, acrescentando que a única questão é se será bloqueado imediatamente ou gradualmente.
O serviço de mensagem Max se assemelha ao WeChat da China, que é uma combinação de serviço de mensagem, rede social, mecanismo de busca e sistema de pagamento através do qual os usuários podem encomendar comida, reservar bilhetes e agendar consultas médicas. O WeChat, entretanto, foi repetidas vezes acusado de censura e vigilância.
De acordo com o Meduza, muitos usuários russos de redes sociais acreditam que a versão russa seguirá o mesmo caminho, especialmente porque a VK coopera há muito tempo e voluntariamente com as autoridades russas.