Do maior campeonato de robótica da América Latina às máquinas que literalmente imprimem comida, a 17ª edição da Campus Party em Brasília oferece muita tecnologia para quem visita os estandes espalhados pela Arena BRB Mané Garrincha. Mas, em meio a todas essas atrações, a feira também representa uma oportunidade de negócios.
A startup TourData, do publicitário mineiro Helton Fraga, foi uma das selecionadas para participar da Campus Party. Ele apresentou um sistema que une inteligência artificial e turismo. A proposta é que as prefeituras possam usar a plataforma para fomentar o turismo local.
Para os visitantes, o sistema indica passeios e atrações personalizadas com base no perfil de cada usuário.
“Assim, ele vai ter uma visita mais personalizada e tende a voltar mais vezes ou indicar para outras pessoas. Isso fomenta os negócios locais, como estabelecimentos, pousadas e atrativos”, explica Helton.
Segundo o desenvolvedor, a inteligência artificial ainda é capaz de aprender com as experiências dos turistas. “Os gestores podem usar essas informações para aplicar em políticas públicas de turismo, movimentando cada vez mais a cidade”, completa.
Já o desenvolvedor goiano Humberto Felipe Dias, da startup Clivia, veio à Campus Party apresentar um sistema que também utiliza inteligência artificial, mas voltado para a área médica. A empresa trabalhou por dois anos e meio no desenvolvimento de uma atendente virtual para marcação de consultas, facilitando o trabalho dos consultórios e dos pacientes.
“O cliente vai conseguir marcar a consulta na hora e no dia que quiser. E a secretária vai ter mais tempo para ser humana, para se relacionar com o cliente”, destaca Humberto.
Sobre a importância de participar da Campus Party, Humberto relata que os resultados já começaram a aparecer: “a gente teve contato com médicos que não esperávamos encontrar por aqui. Também trocamos experiências com outros desenvolvedores. É um conhecimento muito rico, traz muitas ideias e inspira melhorias para a nossa ferramenta.”
Regulamentação
A Campus Party deve receber, até este domingo (22), cerca de 150 mil visitantes. O público também tem a oportunidade de participar de palestras sobre as transformações que a inteligência artificial está promovendo não apenas nos processos do dia a dia e nas empresas, mas também no mercado de trabalho. O fundador do evento, Francesco Farruggia, acredita que essas inovações devem dominar o debate econômico nos próximos anos.
Segundo ele, “a inteligência artificial avança muito rapidamente e vai trazer eficiência para toda a economia: produção, logística, transporte, serviços, comércio. Todo mundo vai ter que ter um agente de inteligência artificial.”
Os desafios, no entanto, envolvem os empregos que podem ser substituídos e a necessidade de trabalhadores cada vez mais qualificados.
“A IA otimiza processos econômicos, mas elimina muitos empregos. Ao mesmo tempo, vai gerar novas vagas — mais bem remuneradas e com maior exigência de qualificação”, prevê Farruggia.
Também está na pauta da Campus Party a necessidade de regulamentar o uso da inteligência artificial. Um projeto de lei com esse objetivo tramita no Congresso Nacional. Além disso, o tema é uma das metas da presidência brasileira no BRICS em 2025. Para Francesco Farruggia, esse debate é essencial, principalmente para atrair investimentos ao país.