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Telescópio Espacial Hubble completa 35 anos: confira sua história em imagens espetaculares

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Telescópio Espacial Hubble completa 35 anos: confira sua história em imagens espetaculares

O dia 24 de abril de 2025 marca o 35º aniversário do lançamento do Telescópio Espacial Hubble, que revolucionou nossa capacidade de observação do Universo.

Para comemorar o 35⁰ aniversário do Telescópio Espacial Hubble, a NASA e a ESA compartilharam esta imagem renovada da galáxia Sombrero. ESA/Hubble & NASA, K. Noll.

Antes das observações do astrofísico americano e homônimo Edwin Hubble, o Universo era considerado estático e eterno. Até Einstein defendeu tal ideia em 1917. Mas Hubble descobriu, em 1929, que as galáxias estão se afastando umas das outras. Isso só pode acontecer se o Universo estiver se expandindo e, se estiver se expandindo, ele teve um início, um Big Bang.

Décadas mais tarde, observações importantes do Telescópio Espacial Hubble determinaram que a expansão cósmica, agora indiscutível, está se acelerando. Assim nasceu o conceito perturbador de energia escura.

O Hubble e os planetas

Em 1990, quando o Hubble foi lançado, nenhum planeta fora do Sistema Solar havia sido detectado. Hoje, há milhares de exoplanetas confirmados. Naquela época, mesmo as informações sobre nossos vizinhos não eram suficientemente precisas.

As primeiras imagens detalhadas de Plutão e sua lua Caronte, bem como a descoberta de mais quatro luas orbitando o planeta anão, têm a marca do Hubble.

Plutão e sua lua Caronte. Elas foram registradas pelo Hubble em 21 de fevereiro de 1994, quando o planeta anão estava a 4,4 bilhões de quilômetros da Terra. NASA/Wikimedia commons, CC BY

Também devemos ao Hubble os instantâneos da mancha branca de Saturno, uma grande tempestade na região equatorial do planeta descoberta por astrônomos amadores em setembro de 1990 e fotografada pelo telescópio espacial durante vários dias de observações.

A tempestade gigante de Saturno (mancha branca) em sua região equatorial. Créditos: NASA.

A vastidão do Cosmos em todo seu esplendor

Provavelmente, a imagem histórica mais relevante foi a primeira Hubble Deep Field (“Campo Profundo do Hubble”) (HDF-N), capturada em 1995 durante 10 dias consecutivos com foco no “nada”. Embora fosse “nada” o que se esperava encontrar, a imagem revelou 3.000 galáxias distantes, de quando o Universo tinha apenas 800 milhões de anos. Ela foi fundamental para a compreensão da estrutura e da evolução do Universo primitivo.

A imagem mostra uma parte central da imagem de campo profundo do Hubble, criada a partir de exposições feitas em 1995. NASA, Robert Williams e a Equipe do Campo Profundo do Hubble (STScI), CC BY

Nascem os buracos negros

Em 1992, uma equipe de astrônomos alegou ter encontrado evidências da existência de um buraco negro com massa superior a 2,6 bilhões de massas solares no centro da galáxia elíptica gigante M87, com base em imagens do Hubble. Mas foi somente em 2019 que um consórcio internacional de pesquisadores fez a primeira imagem desse buraco negro supermaciço.

As estrelas estão fortemente concentradas em direção ao centro da M87, como se fossem atraídas pelo intenso campo gravitacional de um buraco negro supermaciço. NASA, CC BY

Do tamanho de um ônibus

Graças à sua localização privilegiada acima da atmosfera da Terra, o Hubble tem uma visão ampla e nítida do Cosmos: ele distingue objetos astronômicos com um diâmetro angular tão pequeno quanto 0,05 segundos de arco. Isso seria equivalente a distinguir a espessura de uma moeda de dez centavos a uma distância de 138 quilômetros.

Suas dimensões lhe conferem um imenso potencial de observação astronômica: 13,2 metros de comprimento e 4,2 metros de largura na parte traseira, onde estão alojados os instrumentos científicos. O Hubble pesa cerca de 12.246 quilos e tem o tamanho aproximado de um ônibus.

O observatório espacial é alimentado por dois painéis solares que convertem a luz do Sol em energia elétrica. Essa energia é armazenada em seis grandes baterias que permitem que ele opere nas áreas de sombra da órbita, quando a Terra o impede de ver o Sol.

O Telescópio Espacial Hubble, em um instantâneo registrado pelos astronautas a bordo do ônibus espacial Discovery em 21 de dezembro de 1999. NASA

Qualidade ótica sem precedentes

Do ponto de vista ótico, o Hubble é um telescópio refletor Cassegrain. Diferentemente dos telescópios refratores (como o de Galileu), ele não tem lentes, mas espelhos que refletem a luz sequencialmente para direcioná-la aos seus instrumentos de detectção, câmeras e espectrógrafos.

Seu espelho primário tem 2,4 metros de diâmetro e capta uma quantidade imensa de luz. Ele detecta objetos 10 bilhões de vezes mais fracos do que aqueles vistos a olho nu. Ele pode operar no espectro visível, bem como no infravermelho e no ultravioleta, diferentemente do Telescópio Espacial James Webb, que é especializado no infravermelho.

Técnicos inspecionando o espelho primário do Telescópio Espacial Hubble, que tem um revestimento de alumínio altamente reflexivo. NASA, CC BY

Problemas inesperados

Mas nem tudo correu perfeitamente.

Pouco depois de seu lançamento em 1990, os cientistas notaram que o espelho primário tinha um defeito ótico (chamado aberração esférica), que afetava a nitidez das imagens. Foi necessário enviar uma missão de serviço para corrigir esse problema. Em dezembro de 1993, uma tripulação de astronautas realizou os reparos necessários para restaurar o telescópio ao nível de desempenho pretendido.

Comparação entre imagens da galáxia M100 registradas pelo Hubble sem correção de aberração esférica (esquerda) e com correção de aberração esférica (direita) ESA/HUBBLE NASA, CC BY

Possível aposentadoria em 2036

Inicialmente, a vida útil do Hubble foi estimada em cerca de 15 anos. Mas, graças a cinco missões de manutenção com astronautas, sua funcionalidade foi ampliada até o momento.

De acordo com a própria NASA, o Hubble pode continuar cientificamente ativo na próxima década, com uma possível data de aposentadoria em 2036.

Com o desmantelamento final em mente, uma equipe de astronautas instalou um dispositivo no Hubble em 2009 que permitirá que ele seja capturado, reposicionado em órbita e guiado para uma reentrada controlada na atmosfera da Terra, onde acabará queimando.

As melhores imagens de sua história

Em seu 35º aniversário, é difícil fazer uma seleção de suas melhores imagens históricas do Hubble. Mas aqui estão algumas das que a NASA coletou para comemorar seu aniversário:

Erupção de Eta Carinae

Nesse instantâneo impressionante da estrela supermaciça Eta Carinae, o Hubble capturou um par de enormes nuvens ondulantes como resultado de uma erupção gigantesca ocorrida há cerca de 150 anos, que tornou-a uma das estrelas mais brilhantes no céu do Hemisfério Sul.

Erupção na estrela supermaciça Eta Carinae registrada pelo Telescópio Espacial Hubble em 1996. NASA, CC BY

Colisão de galáxias

O telescópio espacial registrou a colisão das galáxias Antennae, cuja aproximação começou há cerca de 200 milhões de anos. Os respectivos núcleos das galáxias gêmeas são as manchas alaranjadas, à esquerda e à direita do centro da imagem, entrecruzadas por filamentos de poeira escura.

Colisão das galáxias Antennae observada pelo Hubble em 1997. NASA, CC BY

A Nebulosa do Anel do Sul

Essa imagem icônica é um exemplo excepcional de uma nebulosa planetária, NGC3132, ou Nebulosa do Anel do Sul, onde uma vasta nuvem de gás em expansão pode ser vista ao redor de uma estrela moribunda. A foto mostra duas estrelas próximas ao centro da nebulosa: uma branca brilhante e uma companheira mais fraca no canto superior direito.

A Nebulosa do Anel Sul capturada pelo Hubble em 1998. Créditos: NASA.

Aglomerado de galáxias Abell 2218.

O impressionante aglomerado de galáxias Abell 2218 foi registrado pelo Hubble em 2000. É um exemplo claro do fenômeno relativístico conhecido como lente gravitacional, em que um campo gravitacional intenso (gerado pelo Abell 2218) dobra a luz de galáxias distantes, da mesma forma que uma lente ótica dobra a luz para formar uma imagem.

Aglomerado de galáxias Abell 2218 observado pelo Telescópio Espacial Hubble no ano 2000. NASA, CC BY

A Nebulosa do Caranguejo

Esta é uma das imagens mais espetaculares do Hubble. A Nebulosa do Caranguejo é composta pelos restos de uma enorme estrela moribunda que explodiu e ejetou suas camadas de gás no espaço interestelar (uma supernova). Os filamentos alaranjados representam os restos da estrela que explodiu, consistindo principalmente de hidrogênio.

Imagem da Nebulosa do Caranguejo capturada pelo Hubble em 2005. NASA, CC BY

Os Pilares da Criação

Em 1995, o Hubble fez a primeira imagem dos Pilares da Criação, uma formação de gás interestelar e poeira na Nebulosa da Águia, a cerca de 6.500 anos-luz da Terra na Via Láctea, conhecida mundialmente. Ele a fotografou novamente em 2014.

Os Pilares da Criação, observados pelo Telescópio Espacial Hubble em 2014. NASA, CC BY
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