O Fórum Econômico Mundial de 2025, realizado em Davos, Suíça, de 20 a 24 de janeiro, destacou-se como um marco para debater os principais desafios globais em um contexto de crescentes tensões entre soberanismo e globalização. Reunindo líderes políticos, empresariais e especialistas de diversas áreas, o evento abordou temas como riscos emergentes, mudanças climáticas e perspectivas econômicas em um cenário internacional profundamente fragmentado.
O conflito entre as agendas soberanistas e globalistas foi um dos temas centrais da conferência. A recente posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos marcou um retorno à agenda soberanista, caracterizada por críticas ao livre comércio, ceticismo em relação às organizações internacionais e valores conservadores.
Por outro lado, líderes como Ursula von der Leyen (presidente da Comissão Européia) e Pedro Sánchez (Presidente do Governo de Espanha) defenderam a manutenção do multilateralismo e de um sistema baseado em regras internacionais.
A polarização não se restringiu aos discursos políticos. No âmbito empresarial, houve um contraste entre setores que celebram a desregulação promovida pela administração Trump, especialmente no setor tecnológico, e preocupações quanto à fragmentação geopolítica e seus impactos nos negócios globais.
Além disso, a segurança internacional foi tema recorrente, com discussões sobre os desafios de coordenar respostas globais a ameaças como conflitos armados e cibersegurança. Líderes enfatizaram a importância de parcerias estratégicas para prevenir crises e manter a estabilidade regional.
O Relatório Global de Riscos 2025, apresentado durante o evento, destacou uma série de ameaças emergentes e persistentes. Entre os riscos de curto prazo, desinformação, eventos climáticos extremos e conflitos armados se sobressaíram como os mais graves. No longo prazo, preocupações relacionadas à perda de biodiversidade e ao colapso de ecossistemas dominaram o cenário, ressaltando a urgência de ações ambientais concretas.
A crescente relevância da inteligência artificial (IA) também foi tema de destaque. Enquanto a tecnologia promete avanços significativos, sua implementação sem supervisão adequada pode amplificar problemas como desinformação e polarização social. O desafio para governos e empresas é equilibrar regulação e inovação de maneira ética.
A crise climática foi abordada como um dos desafios mais urgentes e complexos. Fenômenos climáticos extremos, como secas e enchentes, estão impactando diretamente em comunidades vulneráveis e gerando deslocamentos em massa. Em resposta, líderes destacaram a necessidade de acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Contudo, diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento quanto à responsabilidade e aos custos dessa transição foram amplamente debatidas.
Em particular, a postura de países como os Estados Unidos, que priorizam políticas de desregulação ambiental, contrasta com iniciativas da União Europeia, que buscam liderar a descarbonização global. Esse impasse reflete as dificuldades em estabelecer uma governança climática efetiva em um mundo sumamente polarizado.
A perspectiva econômica para 2025 foi descrita como moderadamente pessimista por economistas presentes no fórum. A fragmentação geopolítica e as tensões comerciais entre Estados Unidos e China foram apontadas como fatores principais para uma possível desaceleração do crescimento global. Por outro lado, regiões como o sul da Ásia apresentam expectativas de crescimento robusto, contrastando com as dificuldades previstas para Europa e América Latina.
A disparidade no crescimento econômico entre regiões é um reflexo da crescente competição por recursos e da redefinição das cadeias globais de valor. Essa tendência levanta questões sobre a capacidade das economias emergentes de se adaptarem a esse novo contexto e sobre o papel das organizações multilaterais na promoção de um crescimento mais equitativo.
Davos 2025 expôs um mundo em metamorfose, onde tensões ideológicas e riscos globais desafiam a cooperação internacional e a estabilidade. O embate entre soberanismo e globalização, aliado às ameaças climáticas e tecnológicas, define um cenário complexo que exige ações coordenadas e corajosas. O futuro dependerá da capacidade de líderes globais de construir pontes em vez de muros, promovendo soluções sustentáveis para os desafios do século XXI.