Caracas, capital da Venezuela, fica a cerca de 60 km do mar do Caribe. A montanha ao fundo é o Cerro Ávila (ou Waraira Repano), parque nacional. Foto de César Cárdenas, usada com permissão.
Na primeira semana de 2025, a colaboradora do Global Voices, Estefanía Salazar, postou uma foto em uma das nossas conversas em grupo. Seu amigo César Cárdenas, montanhista e fotógrafo amador, foi quem tirou a foto: as montanhas escarpadas de Cerro Ávila erguiam-se entre a cidade de Caracas e o Mar do Caribe, ao norte. Um céu azul ardente dominava a cena, quebrada apenas por nuvens brancas que pareciam indecisas, sem saber se ficavam ou se iam embora.
Três dias depois, no dia 10 de janeiro, o presidente venezuelano Nicolás Maduro – chamado de “autocrata” pelo The New York Times – tomou posse para seu terceiro mandato consecutivo como presidente, após a tensa eleição de julho passado. O resultado: protestos generalizados e milhares de detidos. Tudo está acontecendo em decorrência dos crescentes problemas socioeconômicos do país que estimularam a migração em massa, e também pela diminuição do apoio internacional a Maduro, devido a sanções impostas ao país pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.
No momento em que Salazar compartilhou a sua foto, porém, ela nem se lembrou da questão de fraude eleitoral. Em vez disso, a beleza de sua terra natal a tocou de tal forma que ela se viu compelida a compartilhá-la, talvez com o intuito de mudar um pouco a narrativa e mostrar às pessoas uma visão diferente da Venezuela que ela ama. “Dias de janeiro em Caracas”, escreveu – e depois que um colaborador caribenho compartilhou a fotografia de um arbusto com flores roxas régias tirada por ele, acrescentou: “Os dias de janeiro são especiais em todo o Caribe (sua luz)”.
Para o Caribe e a América Latina, não é apenas a qualidade da luz que conta, é o que a luz representa, especialmente no início de um novo ano: um recomeço. Novos propósitos. Renovação. Positividade e união. Esperança, mesmo diante de tantas questões que ameaçam a região, desde a crise climática até a criminalidade.
Da Venezuela aos confins do arquipélago caribenho, fotógrafos e colaboradores enviaram suas fotografias com os raios de luz cativantes de janeiro em sua região. Quem sabe elas nos darão esperança e alegria suficientes, não só para nos dar força para os desafios deste ano, mas que também ajudem pessoas pelo mundo afora — Gaza, Ucrânia, Sudão — que continuam buscando por essa luz profundamente dentro de si mesmas.
Venezuela
Foto do Parque José María Cartaya de Carlos Novo, usada com permissão.
A impressionante fotografia de pássaros voando livremente no Parque José María Cartaya, no leste de Caracas, foi realizada pelo fotógrafo e ativista ambiental Carlos Novo. Para ele, a luz de janeiro é a melhor para fotos. Não importa a escuridão que enfrentemos, mas lá, no fundo, sabemos que sempre haverá uma luz de janeiro nos esperando.
Trinidade e Tobago
Série de fotos ‘Luzes de janeiro: reflexos de esperança’ de Akleema Ali, usados com permissão.
No início do ano, a fotógrafa Akleema Ali vê a luz de janeiro brilhando como um farol de resiliência e renovação, especialmente no contexto do estado de emergência recentemente declarado pelo governo: as nuvens vistas de cima nos lembram das infinitas possibilidades e da dimensão do mundo, oferecendo uma perspectiva de esperança que cresce a cada dia. Patos à beira de um lago trazem uma alegria simples e tranquilidade, nos aterrando no presente.”
Um lago tranquilo, com seu reflexo perfeito, simboliza claridade e serenidade, convidando-nos a relaxar e abraçar a beleza da tranquilidade. A tonalidade quente de um pôr do sol nos lembram finais que dão lugar a novos começos, lançando um brilho de esperança no horizonte. Através destas imagens, podemos encontrar consolo e inspiração no abraço da natureza, levando a promessa de luz para os próximos dias.”
Barbados
Photos of Worthing Beach, Barbados, by Margaret McEvoy, used with permission.
A fotógrafa Margaret McEvoy enviou algumas fotos lindas da paisagem de Barbados, todas tiradas da praia Worthing, na costa sul da ilha. A praia faz fronteira com o Santuário Natural Graeme Hall, a maior floresta de mangue remanescente de Barbados, que deve reabrir em março sob nova direção e visa priorizar o ecoturismo e a conservação.
A primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, tem sido uma das vozes mais francas do Caribe quando se trata de desafios ambientais globais, defendendo mecanismos através dos quais os pequenos estados insulares em desenvolvimento (SIDS) possam se tornar mais resilientes contra as duras realidades da crise climática.
Porto Rico e República Dominicana
Uma variedade de pássaros de territórios caribenhos hispanófonos, pela fotógrafa Alexia Morales, usadas com permissão.
Do canto superior esquerdo no sentido horário, a fotógrafa Alexia Morales fotografou várias espécies de aves em seus habitats naturais (e sob uma luz maravilhosa): o Trogon hispânico, República Dominicana; Maçarico-pernilongo, Guayama, Porto Rico; e Cuco-lagartero porto-riquenho, Sabana Grande, Porto Rico.
A cada temporada de furacões no Atlântico, as populações de aves do Caribe correm risco com a ameaça de tempestade. Além disso, as populações de aves limícolas têm diminuído em alguns territórios regionais devido à caça. O Caribe é tudo menos um conjunto de pedras, então Porto Rico e a República Dominicana enfrentam desafios muito específicos, incluindo desmatamento, expansão urbana e turismo de mercado de massa.
Adrianne Tossas, presidente da Birds Caribbean, observou mudanças na postura do governo porto-riquenho em relação à proteção dos manguezais, e a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) recentemente liderou uma missão à República Dominicana para acompanhar casos graves de “poluição e corrupção que assolam o país”.
Jamaica
Fotos da Whitehouse, Westmoreland, Jamaica, por Heidi Savery, usadas com permissão.
White House, um pequeno assentamento na paróquia de Westmoreland, situada ao longo da costa sudoeste da Jamaica, é conhecida por sua indústria pesqueira, que fornece frutos-do-mar frescos para toda a ilha.
A capital da Jamaica, Kingston, é a sede da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), que – conforme a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – recebeu um mandato “para garantir a proteção efetiva do ambiente marinho contra efeitos nocivos que possam surgir de atividades relacionadas ao fundo do mar”.
Enquanto a ameaça da mineração em águas profundas paira sobre os oceanos do mundo, defensores ambientais jamaicanos continuam fazendo campanha contra ela, mesmo enquanto o Mar do Caribe luta com a dupla ameaça das mudanças climáticas e da pesca excessiva.
Cada desafio, porém, traz promessas e possibilidades…
Savary comentou sobre esta foto capturada na área de Green Hills nas deslumbrantes Montanhas Azuis da Jamaica: “Fiquei impressionado com os belos céus de inverno. A época mais mágica nos trópicos.”
Nota do Editor: Agradecimento especial a todos os fotógrafos regionais e colaboradores da Global Voices que dedicaram tempo para oferecer suas fotos e perspectivas para inclusão nesta postagem. Não conseguimos incluir todas as fotografias, mas podemos garantir que eram lindas e inspiradoras.